Capítulo 18
Patricia Ribeiro respondeu: “Presidente Souza, deixa eu me apresentar de novo, meu nome é Penny, sou designe de interiores, e o senhor tá segurando uma das minhas criações.”
Rafael Souza hesitou, parando abruptamente como se achasse que estivesse delirando.
Patricia Ribeiro percebeu que ele não cumprimentou de volta e, naturalmente, recolheu a
mão.
“Eu já tentei trocar uma ideia com o senhor outras vezes, mas parece que o Presidente Souza não tava a fim. Agora que vi o senhor com um dos meus projetos, será que mudou de ideia?”
Ela falou com uma fluidez descomplicada. “Se for o caso, acho que eu mereço uma chance de compensar o senhor.”
Rafael Souza, com seus vinte e poucos anos, nunca tinha se deparado com uma situação daquelas.
Designer de interiores?
Ele abaixou o olhar para o objeto nas mãos, viu a assinatura do designer na parte inferior da fotografia, acompanhada de um número.
Penny.
Lembrando das conversas desde que se conheceram, ele franziu a testa, entendendo que
tinha sido um mal–entendido desde o início.
O homem estava com o semblante carregado, segurando na fotografia entre os dedos, e
voltou a se sentar no sofá ao lado.
A porta foi batida, e a voz de Rui ecoou do lado de fora: “Chefe, a roupa da senhora chegou.”
Patricia Ribeiro entendeu logo que provavelmente fosse para ela.
Rui ia bater na porta de novo, mas viu a porta se abrir, revelando uma mulher enrolada numa
toalha.
Um vislumbre de surpresa passou pelos olhos de Rui. A reunião tinha sido interrompida e muita gente perguntava sobre a mulher ao lado do presidente.
Rui estava boiando, só ouvia o pessoal fofocando que a mulher chamava o Presidente Souza de “marido“.
Ele ficou paralisado por um segundo, entregou as roupas e não pôde evitar dar uma espiada para dentro, vendo Rafael Souza relaxado no sofá, com o temno meio bagunçado, que dava toda pinta de depois do acontecido.
Rui se controlou rapidinho e ouviu Patrícia Ribeiro agradecer: “Valeu pela força.”
E a porta se fechou.
20.011
Patricia Ribeiro se virou e falou para Rafael Souza, “Sr. Presidente, me dê um segundo.”
Ela entrou no banheiro ao lado.
O vidro fosco do banheiro do hotel deixava ver a silhueta iluminada lá dentro.
Rafael Souza encostou–se para trás e, ao levantar o olhar, percebeu que ela parecia estar tirando a última peça de roupa, sentindo um tremor no olhar e desviando o rosto, se sentindo meio desconfortável.
Patricia Ribeiro saiu trocada, jogou a toalha e surgiu vestida numa roupa casual da noval coleção da Gucci, que realçava sua pele clara.
Ela ainda segurava o cartão na mão, dizendo, “Não sei quanto custa essa roupa, mas deve ter o suficiente no cartão, obrigada, Presidente Souza.”
Rafael Souza levantou a cabeça, olhando nos olhos dela, tentando decifrar as emoções escondidas, como se perguntasse se era mais uma atuação dela.
Mas os gestos dela eram transparentes, até os fios de cabelo pareciam querer manter distância, deixando claro que ela não queria mais envolvimento nenhum.
Por algum motivo, aquela ideia o sufocava.
“Senta ai, disse ele, com um tom indiferente. “Então o João Pereira te apresentou pra mim por causa do projeto da Moradia Viso–Belo???”
Patricia Ribeiro passou um olhar de surpresa, “O que mais poderia ser?”
Rafael Souza pressionou os lábios, lembrando daquela noite e do sangue nos lençóis, e ao olhar para ela de novo, sentia uma emoção estranha.
Patricia Ribeiro se manteve totalmente profissional.
“O Presidente Souza, aquela Moradia Viso–Belo…”
Ele nem deixou ela terminar de falar e logo perguntou: “A noite do banquete da família Souza, era a tua estreia?”
Patricia Ribeiro sentiu o coração dar uma balançada, preocupada com algum papo furado dele querendo se fazer de responsável. Ela se apressou em rebater, “Não foi nada.”
Ela deu um sorrisinho e disse, “Esqueci de contar pro Presidente Souza, mas é só que eu
casei, viu?”