Capítulo 9
No dia seguinte, bem erdinho, Patricia Ribeiro disfarçou as marcas no rosto com base e foil para o estúdio.
O estúdio ficava num prédio comercial e tinha dois andares.
Ela era apenas uma freelancer de longa data, não precisava bater ponto diariamente, mas era obrigada a comparecer às reuniões mensais de balanço.
Luis Rodrigues, que sempre chegava primeiro, ainda não tinha aparecido.
Só meia hora depois do inicio da reunião, ele entrou apressado ainda vestindo o mesmo terno do dia anterior.
Patricia girava a caneta entre os dedos e parou por um instante, sentindo que algo mais. sério tinha acontecido com Luis.
“Desculpa, hoje eu me atrasei demais.“, Luis chegou ao seu lugar de sempre na frente da sala e, percebendo o olhar preocupado de Patrícia, sorriu em pedido de desculpas.
Os outros fizeram suas apresentações de rotina.
Quando a reunião acabou, Patricia pensou em sair com o resto do pessoal, mas viu que Luis continuava sentado. Não se aguentou e foi perguntar: “O que aconteceu?”
Luís esfregou a testa, exausto: “Rolou um problema sério com a família da Natalie.”
Sua voz estava rouca, denunciando uma noite em claro.
Ele hesitou por um momento antes de continuar.
“É grave?”
Luís ficou quieto, pensando nas decisões que poderia ter que tomar, e depois de alguns minutos, falou.
“Estou pensando em vender o estúdio, mas não sei como dar a noticia para todo mundo.”
Patricia ficou surpresa, o estúdio estava em crescimento, não fazia sentido querer vender, e Luís não parecia estar precisando de dinheiro.
Mas o estúdio era o trabalho da vida dele, não pensaria em vender a não ser que estivesse sem saída.
“Quanto falta?”
“Pelo menos vinte milhões.“, Luís deu um sorriso amargo, e se podia ver o cansaço em seus olhos: “Se o negócio com o Rafael Souza tivesse fechado ontem à noite, mas que nada…”
“Eu vou dar uma passada lá no Rafael Souza, tentar de novo.”
Patricia pegou suas coisas: “Por enquanto, não fala nada com os outros.”
Capitulo 9
Luis suspirou.
“Se não rolar, não se sinta pressionada. Ontem a minha cunhada vacilou, ela está meio abalada agora, eu pece desculpas por ela.”
Saindo da sala de reunião, Patricia resolveu tentar a sorte com os Souzas.
Rafael Souza estava lá, e só conversando pessoalmente é que poderiam fazer negócio.
A sede dos Souzas ficava bem no centro da Cidade Capital, um dos prédios mais altos e notáveis da região, e diziam que dali pra baixo, tudo era patrimônio da família Souza.
A riqueza que vinha de gerações era tão grande que chegava a ser absurda.
Patrícia entrou e foi até a recepção.
A recepcionista, vendo um rosto desconhecido, sorriu e perguntou: “Oi, no que posso ajudar?”
“Eu queria falar com o Presidente Souza, será que ele tem um tempinho?”
O sorriso da recepcionista hesitou e ela a examinou de cima a baixo: “Desculpa, sem agendamento prévio, o Presidente Souza não atende assim.”
Patricia se sentiu bloqueada pela resposta e insistiu: “E se for para discutir uma parceria?”
“Para assuntos de parceria, favor entrar em contato com o departamento comercial. Se precisar de assinatura do Presidente Souza, eles encaminharão para aprovação dele.”
O silêncio de Patricia fez o olhar da outra se tornar um pouco mais desdenhoso, como se pensasse que ela era mais uma querendo se encostar na fama de Rafael Souza, esperando–o na porta do trabalho só pra tentar puxar assunto.
Quantas já não tinham tentado isso nos últimos dias?
Patrícia Ribeiro também não sabia como se explicar, afinal, não dava pra sair dizendo por aí que, na verdade, ela era a esposa do chefe.
Mas ficar ali, esperando sem saber até quando, também não era opção.
Será que teria que dar um pulo de novo na casa dos Souza?
Enquanto hesitava, o celular vibrou com uma mensagem desconhecida.
“Olá, Srta. Ribeiro, aqui é o advogado particular do Sr. Souza. Já passei ai um par de vezes para falar sobre o acordo de divórcio, mas não te encontrei. Você está disponível agora?”