Capítulo 10
Patricia Ribeiro sentou e na área de descanso perto da janela e rapidamente respondeu
com uma mensagen
*Será que posso conhecer o cara pessoalmente antes?”
Ela já tava na área, plantada no pé do prédio dos Souzas, só esperando o aval de Rafael Souza pra um encontro às pressas.
O advogado disse que ia dar um jeito, mas caiu fora e não mandou mais noticias.
No último andar do prédio.
O homem sentado atrás da mesa de mármore preto tava debruçado nos papéis que tinha na
frente.
Rui entrou no escritório: “Presidente Souza, a Srta. Ribeiro está querendo um dedo de prosa
com o senhor.”
Rafael Souza tirou os olhos dos documentos por um segundo, sem nenhum pingo de
vontade de estender o assunto.
“Não rola.”
Era só mais um truque pra evitar a separação.
Será que ela achava que um encontro mudaria alguma coisa? Demasiada fé em si mesma.
Um vislumbre de irritação passou pelo seu olhar, e com uma voz fria e pesada, ordenou: “Manda o advogado levar o acordo de divórcio pra familia Ribeiro e fica de olho pra ela
assinar.”
Rui concordou, sem se estender muito sobre a patroa, e confirmou a agenda: “O presidente do Banco Eterno, Marcos Cardoso, marcou contigo no campo de golfe à tarde. Podemos
zarpar.
Rafael Souza levantou–se, ajeitando a gravata com os dedos compridos e bem definidos:
“Beleza,”
O tempo foi passando, e enquanto Patricia Ribeiro estava sentada, mais gente foi chegando, homens e mulheres, todos engomadinhos.
Ela ficou ali no canto, quietinha, como uma pintura perfeita.
Até que o telefone da familia Ribeiro tocou.
A voz de Lucas Ribeiro veio apressada do outro lado da linha.
“Patrícia, que diabo está acontecendo? Por que o Rafael quer te largande repente?”
“Rolou algum perrengue entre vocês? Volta pra casa pra gente conversar direito.”
Patrícia Ribeiro hesitou antes de responder: “Pai, tu sabe que ele fugiu pro exterior por três
19:53 1
Capitulo 10
anos só porque casou comigo, agora que voltou, o que mais podería querer?*
Lucas Ribeiro tava quase se descabelando: “Patricia, essa separação não vai rolar, a família Ribeiro está na corda hamba, prestes a entrar em outra rodada de investimento. Se vocês se divorciarem agora, nossas ações vão pro buraco e os sócios vão pular fora.”
A voz de Estela Cruz também ecoou ao fundo.
“Eu sempre falei que ela não batia com a gente, não dá pra confiar. Se ela tivesse se esforçado um tiquinho, será que o Rafael Souza teria mandado o advogado entregar o acordo de divórcio na nossa casa? Viramos motivo de chacota!”
Lucas Ribeiro ficou quieto por um instante, depois falou baixinho: “Teu pai só quer o teu bem, filha. Segundo casamento é barra pesada, bora falar com o Vovô Souza, ele sempre te deu valor…”
Patricia Ribeiro sentiu um aperto no peito, queria perguntar se era por ela ou pela empresa, ou talvez por Estela Cruz e sua familia.
Mas a pergunta não saiu.
Lembrou–se de quando sua mãe morreu, e como Lucas Ribeiro não desgrudava dela nem pra ir nas reuniões, com medo de alguma roubada.
Ela só falou que o Avo Souza tinha ido pra uma clínica no exterior e ainda não tinha voltado, deu uma acalmada nos animos e desligou.
Rafael Souza tinha mandado o acordo de divórcio com o advogado pra familia Ribeiro, sinal que não tinha dado certo a conversa com o advogado, ele não queria mostrar a cara.
Ele realmente detestava a esposa.
Se o cara já tinha mostrado as cartas, elá também não ia ficar ali, fazendo papel de boba.
Patricia Ribeiro tava meio caída, e quando foi entrar no carro, nem viu que bateu o joelho, foi aí que viu a nova mensagem de Luís Rodrigues.
“O filho do chefão do Banco Eternico, Bruno Cardoso, já tinha te procurado antes?”
Patricia Ribeiro realmente se lembrava daquele sujeito, mas naquela hora estava enrolada escolhendo materiais para outro cliente e, com a cabeça a mil, acabou esquecendo o
assunto.
Luis Rodrigues contou que Bruno Cardoso tinha marcado um encontro no estúdio e que agora estava no campo de golfe, deixando claro que era fã do design dela.
Patricia Ribeiro pegou o endereço e partiu para lá.
O campo de golfe ficava num bairro nobre, diziam ser o filé da Capital, com milhares de hectares.
Quando Patricia Ribeiro chegou, foi recebida na entrada por um assistente de Bruno
Cardoso.
“Senhorita Penny, tudo bem?”
O assistente a cumprimentou com um sorriso educado e disse: “Por aqui, por favor.”
Ela seguiu o assistrate e só descobriu que o destino era o vestiário quando chegaram.
O assistente explicou: “O gramado e as arelas do campo precisam de manutenção, então, quem não é jogador ou caddie, não pode entrar. Já preparei os tacos, a senhorita sabe jogar golfe?”
“Um pouco, mas não sou nenhuma expert.”
“Não tem problema, a senhorita se troca e o patrão espera no campo.”
Patricia Ribeiro concordou com a cabeça. Já tinha feito de tudo para garantir contratos, desde jogar tênis até pescar. Golfe era moleza.
O assistente tinha preparado um conjunto de saia esportiva branca com uma tiara da
mesma cor.
Patricia Ribeiro prendeu o cabelo num rabo de cavalo alto, pegou o conjunto de tacos e saiu. Mal chegou ao saguão e deu uma olhada para o campo lá fora, mas quando voltou o olhar, avistou de longe um homem de postura imponente, cercado por um grupo de pessoas. entrando pela porta da frente.
Patricia Ribeiro parou subitamente, como se tivesse sido congelada.
Rafael Souza também estava ali.
Ela estava no ponto mais visível, impossível não chamar a atenção.
O olhar era vivo e simpático, o rabo de cavalo alto irradiava jovialidade e vigor.
Sob a saia esportiva, um par de pernas longas e retas, brilhantemente brancas, destacava–se ainda mais pelo vermelhão no joelho.
Rafael Souza a olhou uma vez e desviou o olhar.