Capítulo 11
Patricia Ribeiro levanto o olhar e pegou de relance aquele ar gelado que se esboçou entre as sobrancelhas dele.
Um grupinho passou por ela sem desviar o olhar, o lider estava focado no Rafael Souza, . parecendo que queria bajular sem parecer inconveniente, e o pessoal atrás estava todo engomadinho de temo e gravata.
Era um universo que ela nunca tinha tido a chance de explorar.
Patricia ficou parada ali por um instante.
Depois, com a capa do taco no ombro, saiu andando.
Bruno Cardoso, todo no estilo com roupas de marca para esporte, com uma aparência bem comum. Acertou uma tacada linda que fez a bola desenhar um arco perfeito e cair suavemente no buraco. Quando a viu, passou o taco pro caddie que tava do lad
“Patrícia, é difícil demais marcar um horário com você, viu?”
Patricia soltou um sorriso tranquilo e sentou ao lado dele: “Ah, Bruno, você está zoando, eu sou só uma faz–tudo.”
Enquanto falavam, os funcionários do lado começaram a esvaziar o lugar. Era visível que algum chefão tava pra chegar.
Bruno Cardoso percebeu o olhar dela e não resistiu em se gabar: “Tá ligada no Grupo de Souza? Meu velho marcou uma partida especial hoje, negócio de no minimo duzentos bilhões.”
Patrícia já tinha lidado com todo tipo de cliente, inclusive os que gostam de se gabar. Nessa hora, é melhor aumentar o ego deles.
“Ouvi dizer que ano passado você comprou um terreno que só a construção valia três bilhões, pô, duzentos bilhões pra um herdeirão do Banco Eternico como você é troco, né?”
Um lampejo de orgulho passou pelos olhos de Bruno, e ele deu aquele sorrisinho maroto: “Duzentos bilhões não é chuva, não, mas o Rafael Souza acabou de chegar no país, e o Eternico foi o primeiro a fechar com ele. Dá uma moral, né?”
“O retorno do Presidente Souza deu o que falar mesmo.”
Patrícia manteve o tom de quem não está nem aí e nem se derretendo, na medida certa.
Bruno pegou uma água que o caddie entregou e caminhou em direção ao gramado, com Patricia seguindo.
“Pois é, mas pelo que méu pai fala, parece que ele casou.”
“É? O Presidente Souza não parece tipo que casa.”
Enquanto pegava o taco para acompanhar Bruno, Patrícia entrou no assunto. Se o cliente
1/3
19:53 1
curte uma fofoca, ela entra no jogo.
*Também acho que não. Se casou, por que não desfila com a esposa? A não ser que a mulher seja um dragãe,
Patricia parou o swing do taco, ajustou rapidinho e comentou: “Pode ser, né?”
Bruno olhou para o rabo de cavalo dela desenhando um arco bonito no ar, a pele brilhando. ao sol, e engoliu em seco: “Se o Presidente Souza casasse com uma gata como você, Patricia, ia querer mostrar todo dia”
“Você está brincando, Bruno. Eu não tenho enna sorte!
Os dois jogaram conversa fora, bateram mala algumas bolas e Bruno disse que queria descansar.
Patricia pensou em tocar no assunto do projeto, mas antes que pudesse abrir a boca, ele falou: “Suei um bocado, que tal trocar de roupa?”
Patricia pensou um pouco e viu que realmente não seria adequado falar de negócios assim.
Depois de um banho rápido, Patricia mal tinha se trocado quando a porta se abriu.
Franziu a testa, já que os vestiários eram individuais, como assim entrar sem bater?
Ao olhar, não era um dos funcionários.
Bruno Cardoso saiu do banho, envolto só numa toalha, entrando na maior cara de pau.
Não tinha lá aquela musculatura, o corpo dele entregava que era mais chegado numa vida de excessos.
Patricia Ribeiro percebeu que algo estava errado e, alerta, falou: “Sr. Bruno, será que o senhor não se enganou? Parece que isso aqui é o vestiário feminino, não é?”
Bruno Cardoso soltou um riso cinico, avaliando–a sem qualquer pudor: “Já te disseram que você é muito bonita?”
Ele se aproximava enquanto falava, com um sorriso malicioso nos lábios: “Quando eu te chamava pra sair, você nem dava bola. Agora veio toda animada, está precisando de grana?”
Patricia deu um passo para trás: “Sr. Bruno, por favor, se dê ao respeito.”
Mas Bruno adorava justamente aquela postura distante e fria dela. As mulheres tinham que ter um certo fogo..
Era o que tornava tudo mais empolgante quando se era forçado.
“Pode deixar, se você me atender bem, eu aumento uns milhões no pagamento do design.” Um traço de repulsa passou pelos olhos de Patricia, que tentou se dirigir à saida, mas Bruno foi rápido e a agarrou pela cintura: “Tem gente minha no corredor, você acha mesmo que pode fugir?”
19:53 1
■ Capitulo 11
Sentindo a suavidade da pele dela tão perto, ele mal conseguia se controlar.
“Eu nem pensei em fugir, mas o Sr. Bruno tem certeza que quer fazer isso aqui?”
Patricia respirou fundo, mantendo a calma. Em termos de força, ela não era páreo para ele, e ainda tinha os homens dele do lado de fora.
“A Eternico finalmente conseguiu marcar com o Rafael Souza, não vai ser por um impulso do Sr. Bruno que tudo vai por água abaixo, né?”
Bruno a avaliou de cima a baixo, sarcástico: “Você acha que o Rafael Souza vai estragar a parceria com a Eternico por sua causa?”
“Sim.”
Ela respondeu sem hesitar, o que deixou Bruno momentaneamente desconcertado.
“Qual é a sua relação com Rafael Souza?”
“Ele é meu marido.”
Bruno soltou uma gargalhada, mas parou ao ouvir a próxima frase de Patricia: “Se o Sr. Bruno não acredita, posso ligar para ele agora mesmo.”
Essas palavras congelaram o sorriso no rosto de Bruno. Se Patricia não estava mentindo, e Rafael Souza chegasse e visse a própria esposa sozinha com outro homem num vestiário… Ainda que ele não gostasse, o orgulho masculino não permitiria, certo?
Incerto, ele hesitou e, por fim, soltou–a.
Patricia estava apostando exatamente nessa dúvida dele.
Aliviada por dentro, pegou suas coisas e abriu a porta do vestiário.
Assim que deu um passo para fora, parou de repente.
A visão da figura que se aproximava pelo corredor a fez sentir um calor subir pelas costas.