Capítulo 20
Rui, que estava atrás de Rafael Souza, achou que o chefe tinha dado um branco sobre a reunião, la dar um toque, mas ao bater o olho na cara de Patrícia Ribeiro, engoliu o
lembrete.
Será que era ela a garota da noite passada?
Qual era a parada dela com ele?
O elevador parou na frente deles, e Patrícia Ribeiro fez um gesto de “bem–vindo“.
Rafael Souza não se fez de rogado, mandou Rui capar o gato na firma e entrou de sola no
elevador.
No café da manhã do hotel, que ficava no saguão, já tava rolando a maior muvuca.
Patricia Ribeiro e Rafael Souza escolheram um canto com uma boa vista e se acomodaram. Um garçom chegou logo com uma limonada pra cada um deles.
Ela deu um gole e o azedo deu uma acalmada na zonzeira.
Deixando o copo de lado, ela lançou a pergunta: “O que o Presidente Souza gosta de ler? Ouvi o Presidente Pereira comentar que você gosta de artes, é isso mesmo?”
Entender o que o cliente é essencial pra desenrolar uma boa relação. Uma conversa mole já ajuda a entender a pessoa.
Rafael Souza, pelo jeito, não era de vibrar com o estilo americano – muita firula, cores
gritantes.
O lance chinês provavelmente era sem sal pra ele. Quem curte arte geralmente gosta de um
estilo mais ousado, né?
Ela queria pescar os gostos dele naquele papinho, mas Rafael Souza soltou um “faz do teu jeito.
Patricia Ribeiro se ligou que esse era o tipo de cliente que mais tirava onda: igual tema livre na escola, que te faz pirar na hora de escolher o assunto.
Com o tema definido, pelo menos você sabe por onde começar.
Fazer do meu jeito?
Ela tava bolando um esquema na mente, quando ouviu: “Rafael?” cheio de empolgação do lado.
Virou pra ver quem era e deu de cara com uma garota vestida em roupa de grife, maquiagem no capricho, mas com os olhos colados em Rafael Souza.
*Já tava aqui há uns dias, achei que nem ia te encontrar.”
Joana Camarillo esbanjava alegria e mal disfarçava a surpresa. O olhar dela caiu em Patricia
Ribeiro com um tiquinho de desconfiança.
“E ela, quem 67
Patricia Ribeiro la dau a real, que Rafael Souza era o cliente, mas Joana Camarillo se achegou e foi ja puxando assunto com ele.
“Soube que vai dar um jeito no apartamento da Moradia Visobelo?”
Rafael Souza claramente não tava a fim de lenga–lenga e respondeu friamente: “Aha.”
Joana Camarillo deu uma risadinha, “Lembro que você gostava do layout da Visobelo. Conheço um designer massa, se não for incomodo…”
Ela queria é se chegar no Rafael Souza com a desculpa de apresentar o tal designer.
Mas antes dela terminar, Patricia Ribeiro cortou, sorridente: “Desculpa af, madame, mas o Sr. Souza é cliente da firma.”
Foi dai que Joana Camarillo prestou atenção em Patrícia Ribeiro, apertando os lábios: “Você também é designer?”
pergunta veio com uma ponta de desdém no olhar, achando que Patrícia Ribeiro também. queria se grudar no Rafael Souza,
“Sim, eu e o Sr. Souza tamos tando troca de ideias.”
Troca de ideias, hein?
Logo cedo, os dois já estavam juntos à mesa do café da manhã do hotel, deixando no ar a dúvida sobre o que teria rolado na noite anterior.
Joana Camarillo sentiu o rosto esquentar e mudar de cor, convencida de que Patricia Ribeiro estava se exibindo, com uma jogada de bola baixa.
Ela até tinha pensado em dar um gelo naquela mulher que surgiu do nada, pra ver se ela se tocava e caia fora, mas notou que Patrícia não era de perder a pose.
Tomando fôlego, Joana fez questão de tocar no assunto do casamento de Rafael Souza.
“Se o Rafael escolheu você, deve ter os motivos dele. Espero que você se dedique, pra não dececionar o Rafael e a esposa dele.”
Rafael Souza franziu a testa.
Durante anos, mesmo sabendo que ele era casado, Joana Camarillo não deixou de o perseguir e usava o casamento como arma para espantar outras que o rondavam.
E como era de se esperar, Joana não deixou por menos e foi bem direta.
“Você sabe que o Rafael é casado, não?”
O recado estava dado: será que ela estava disposta a ser a outra e bagunçar a vida de alguém?