Capítulo 3
O homem sorria, com seu traje fino e uma aparência agradável, mas havia algo em seu olhar que deixava Patricia Ribeiro desconfortável.
Ela, com sua expressão fria, entregou os remédios de Isabela Ribeiro.-
“Eu já a vi, leva esses remédios pra Tia Estela“, disse ela.
Filipe Ribeiro arqueou as sobrancelhas: “Vamos subir juntos, faz tempo que a gente não se
vě.
“Não, tenho outros compromissos.”, Patrícia entregou os remédios e saiu do salão.
Filipe a observou se afastar com um andar gracioso e não resistiu em cheirar o saco de remédios.
Uma mulher jovem e bonita aparecendo no consultório ginecológico e pegando remédios antimicrobianos e antivirais, era algo que inevitavelmente provocava suspeitas.
Ele baixou os olhos, sentindo uma tensão no baixo ventre.
Não esperava que Patricia, sempre tão distante, pudesse estar envolvida em algo tão sério.
Afinal, com um marido ausente por três anos, não era de surpreender que uma mulher sozinha pudesse procurar aventuras fora de casa.
Ele não estava com pressa, ela teria que voltar para a família Ribeiro, e haveria outras oportunidades.
Patrícia entrou no carro, ainda se sentindo sufocada.
Desde que aquela família de três se mudou para perto dos Ribeiro, e com Filipe, que não tinha laços de sangue com ela, sempre por perto, ela se sentia inconveniente.
Seu pai havia tentado convencê–la a ficar, mas quando ela insinuou que Filipe poderia se mudar, Lucas Ribeiro ficou em uma situação difícil.
Ele se sentia em débito com Estela Cruz e sua filha Isabela, e por extensão, com Filipe
também.
Patricia não queria colocá–lo em uma posição ruim e decidiu se mudar.
Agora, parecia ainda mais uma estranha.
Não precisava mais marcar ponto no estúdio e, enquanto dirigia para casa, seu celular tocou. Ao ver o nome piscando na tela, seu humor já abalado piorou.
O toque persistiu até que Patricia respirou fundo e atendeu.
“Sra. Teixeira, bom dia.”
Era Daniela Teixeira, a mãe biológica de Rafael Souza.
Desde o casamento, essa dama de uma família distinta sempre a tratou com desdém. Patrícia sabia o seu lugar e, exceto por manter as aparências na frente do Vovo Souza, manteve distância da familia Souza.
“Eu gostaria que você viesse à casa dos Souza para discutirmos pessoalmente sobre o divórcio“, disse Daniela, sem meias palavras, e até ameaçou: “Patrícia, você deve estar ciente de que nós só aceitamos por causa do Vovô Souza. Agora que o Rafael está no comando dos Souzas, é ele quem decide. Provavelmente o Vovó Souza também vai ceder.”
Era óbvio que o divórcio era inevitável.
Daniela até imaginou que Patricia faria um escândalo, afinal, que mulher não se agarraria à chance de estar ao lado do seu filho? Mesmo que nunca pudesse ter seu amor, apenas algumas palavras já seriam o suficiente.
Mas do outro lado da linha, veio a resposta indiferente de Patricia: “Certo, devo ir agora?”
Sem uma única objeção, tão casualmente.
Como se já estivesse esperando por aquele dia.
Daniela Teixeira’sentia um desconforto no peito. A família Souza tinha dado um chega pra lá na Patricia Ribeiro, e isso era mais do que justo, mas a reação dela, tão fría, dava al impressão de que o filho não tinha lá esse encanto todo.
Pra se fazer de forte, Daniela soltou um muxoxo: “Ainda bem que você concorda, você nem chega aos pés do Rafael, ele merece coisa melhor. Vem pra cá agora que eu já dei um toque pro Rafael também, ele já está chegando.”
Patrícia Ribeiro deu uma pausa, Rafael Souza também estaria lá?
Se ele soubesse que a mulher com quem ele tinha dormido na noite anterior era justamente a esposa da qual estava se separando, que reação teria?
Um cara tão cheio de si.
Provavelmente se sentiria como se tivesse engolido uma mosca; não conseguia cuspir fora, e ainda por cima lhe dava náuseas.
Patricia Ribeiro deu uma risadinha e partiu em direção à mansão dos Souza.
Quando Daniela Teixeira a viu, sua expressão não era das melhores, mas, considerando que Patricia Ribeiro não estava fazendo escândalo por compensação, não lhe fez uma saia justa.
“Não me leve a mal por falar na lata, mas você sabe bem a barra que a família Ribeiro está enfrentando. E nem me venha com ‘não estou sabendo, porque vou te dizer uma coisa: melhor seu pai se tocar logo que ele não tem tino pra negócios e aceitar o destino. A familia Souza pode ter dado uma força dessa vez, mas não vai rolar uma segunda. Sem contar que sua madrasta está de olho grande. Tua situação está osso. Casar contigo não ajuda em nada, ainda mais ter que carregar tua familia nas costas. Afinal, ‘quem vê porco,
vo u chiqueiro, se tem alguém pre culpar, é o berço onde você nasceu?
Patricia Hibeiro sentou se no sofá, ouvindo aquilo tudo e concordou com a cabeça: “Verdade, eu não sou osmo à altura do Sr. Souza,”
No real, tirando a certidão de casamento, eles nem eram tão diferentes de dois estranhos, e ela ainda canegava um nome que não valla nada.
Se separar poderia até ser um alivio pra ela.
Daniela Teixeira: “…”
Ela se sentiu frustrada, como se tivesse socado algodão. Por um momento, nem conseguiu distinguir se a mulher comportada à sua frente estava representando ou realmente não dava a minima.
O som de freios de carro veio do lado de fora.
O mordomo que esperava avisou ao ver o carro de Rafael Souza parar: “Senhora, o jovem
de mestre chegoul”
Daniela Teixeira‘ se levantou feliz, apressou–se até a porta.
Patricia Ribeiro também fixou o olhar na direção da entrada. Mesmo tendo se preparado psicologicamente para encarar Rafael Souza, seu coração, que deveria estar calmo, começou a bater descontroladamente de nervosismo.
