Capítulo 5
Rafael Souza trazia um r de frio no olhar, como se o verio não tivesse poder algum sobre sua expressão..
Lançou um olhar pesado para Patricia Ribeiro e, sem mudar a expressão, falou: “Vamos”
Ela seguiu atrás dele, passou o cartão, entrou.
O chão do saguão refletia como um espelho, todos que aguardavam na entrada se curvavam respeitosamente ao cumprimentá–los.
Depois de andarem um pouco, Rafael Souza se virou para olhá–la.
Patricia Ribeiro também parou, retribuindo com um sorriso cortés.
“Quanto o João Pereira te pagou?”
Ela não sabia nada sobre a relação entre João Pereira e Rafael Souza, não conhecia a familia Souza e nunca havia se interessado em saber.
Nesses três anos, nem mesmo encontrara o pai de Rafael.
Para ela, o fato de João Pereira conhecer Rafael Souza indicava que provavelmente eram do mesmo meio.
“Meu chefe disse que esse serviço poderia render milhões.”
“Vocês têm chefe nesse ramo?”
A voz de Rafael Souza carregava uma nota de incredulidade, tocando em algo que ele desconhecia.
Pelo visto, João Pereira havia falado a verdade; a Boate Luamântico oferecia serviços discretos a alguns clientes, algo que ele nunca havia se envolvido e não esperava se deparar logo em sua primeira noite de volta ao país.
A essa altura, não adiantava se preocupar com isso.
Ele deu meia–volta em direção ao seu camarote e, percebendo que Patricia Ribeiro ainda o seguia, virou–se e a encarou: “João Pereira disse que vocês cobram caro, mas que o serviço vale cada centavo?”
Patricia Ribeiro havia lidado com muitos clientes ao longo dos anos, a maioria generosa, mas alguns eram bem dificeis.
Ao escutar as palavras de Rafael Souza, ela respondeu com um tom formal: “Sr. Souza, sobre o preço, cada um tem sua perspectiva.”
Ele olhou–a insatisfeito e soltou um riso frio: “É mesmo? Só que eu não estou nada satisfeito
com seu serviço.”
Tudo havia sido muito desajeitado, com ele no comando o tempo todo. Afinal, a satisfação
do cliente é fundamental, não é? Principalmente quando se fala em milhões. Além do corpo e do rosto, o que mais justificaria tal valor?
“Se o cliente é rei“, pensou Patricia Ribeiro, baixando o olhar subserviente e dizendo: “Sr. Souza, poderia me dizer que estilo prefere, que eu me adaptarei ao seu gosto.”
Havia uma suavidade em seu rosto frio, uma doçura quase sedutora sob a luz, que a fazia parecer especialmente encantadora.
Rafael Souza hesitou, lembrando–se do final da madrugada, quando ela parecia não aguentar mais, seus lábios entreabertos, olhar distante, mãos fracas ao redor de seu pescoço…
Seus olhos brilhavam como pétalas de lótus, o contorno alongado, belos e sedutores.
Com confiança, Patricia Ribeiro ergueu a cabeça: “Entre os meus clientes, há muitos que sempre voltam, todos muito satisfeitos com meu trabalho.”
Os imóveis que ela projetava, sejam mansões ou apartamentos de luxo, até mesmo quando revendidos, alcançavam preços exorbitantes. Ela não tinha clientes insatisfeitos.
“Você tem outros clientes?”
Uma irritação sutil passou pelo coração de Rafael Souza, franzindo a testa: “Não era sual primeira vez?”
“Claro que não, estou nesse ramo há três anos.”
Patricia Ribeiro parecia surpresa, como se não acreditasse na pergunta dele. O que será que o tal Presidente Pereira havia dito a ele?
Assim que ela terminou de falar, a expressão dele esfriou ainda mais.
Não sabendo exatamente o que estava sentindo, apenas uma irritação desconfortável, ele disparou: “Chega, não me siga. Estamos quites, não espere mais nada.”
Patrícia Ribeiro parou no meio do passo, sem entender por que ele tinha explodido daquela forma: “Será que eu procuro o Presidente Pereira?”
A confusão dela parecia pura encenação para Rafael Souza, que franzia o cenho com um ar de descontentamento.
“Ele também é seu cliente?”
“Digamos que sim.“, Patrícia Ribeiro assentiu, afinal, um cliente em potencial também é um
cliente.
Rafael Souza ficou ainda mais carrancudo e saiu pisando forte, sem hesitar.
Parada lá, Patrícia pensou por um instante onde tinha pisado na bola, já que mal tinham trocado duas palavras e ela não tinha cometido erro algum. Por que ele ainda estava
insatisfeito?
Provavelmente ele ainda não sabia quem ela realmente era.
LI ISOL
Capitulo 5
Foi quando Luís Rodrigues ligou: “Pequena Mi, já chegou?”
“Chefe, acho que eu dei mancada.”
Luís Rodrigues ficou surpreso, ele confiava plenamente em Patrícia Ribeiro e no seu dom. para o design. Desde que entrou nessa área, ela nunca havia dito que tinha estragado algo.
“Suíte 1402, pode vir pra cá.”
“OK.”
Patricia desligou o telefone e perguntou ao garçom onde ficava a suite.
Luís Rodrigues levantou a cabeça e olhou para João Pereira, que estava com as pernas cruzadas ao lado: “Sr. Pereira, a designer vai chegar logo.”
João Pereira tinha um jeito extravagante e exalava uma vibe jovial. Ele sorriu levemente: “Sem pressa, meu primo também está chegando. Depois a gente faz eles conversarem. frente a frente, vai dar certo.”
Ouvindo a garantia dele, Luis Rodrigues relaxou e sorriu: “Olha, eu e o Rafael fomos colegas de escola, mas ele provavelmente nem se lembra de mim.”
Com aquela familia e aparência, não faltavam bajuladores ao seu redor desde pequeno.
Além do mais, apesar de terem estudado na mesma sala, Rafael Souza mal tinha frequentado a escola por meio ano.
Assim que ele terminou de falar, a porta da suite se abriu e Patrícia Ribeiro entrou.
Ela não estava com seu traje de trabalho, mas sim com um conjunto casual claro que lhe caía muito bem, acompanhado de uma bolsa da mesma cor. Seus cabelos longos estavam levemente presos, passando uma imagem fresca e limpa.
Ela sorriu para João Pereira: “Oi.”
Os olhos de João brilharam: “Não esperava que a designer, além de talentosa, fosse tão
bonita.
Vendo–a entrar sozinha, ele ficou confuso: “Não pedi para meu primo te buscar? Cadê ele?”
Patricia parou e pensou: “Rafael Souza era o primo dele?”